Reflexão de Madrugada

Há contas que jamais poderão ser saldadas. Magoar alguém não tem revés. Não tem «estamos quites». Nunca estamos quites. Não existe uma régua para medir o quanto alguém nos magoou. Já muitas pessoas me magoaram. E quantas é que eu magoei? De duas tenho a certeza, mas terão sido só essas? Até que ponto me exponho para ser magoada?

Não vale a pena saldar dívidas. Marcar encontros com o passado, combinar fins de semana, cafés, passeios. É tudo uma delonga daquilo que é o terrível fim: estamos mortos.

Combinar um café com o passado só adia o corte e prolonga a dor. Não seremos, nunca. Então para quê combinar encontrarmo-nos, continuar a conversar se as coisas nunca vão sair dali? Ou se saírem, é para pior? Para quê alimentar algo do qual nem se quer temos a certeza que queremos?

Tenho pensado. Uma vez li uma frase que dizia qualquer coisa como "se os ex namorados voltam a ser amigos, ou é porque nunca se amaram ou é porque ainda se amam". Tenho vindo a comprovar isso. Não digo que seja impossível, mas é difícil estabelecer uma relação de amizade com alguém que já se esteve tão íntimo, tão próximo. Ou o amor foi tão frio que se enterrou. Ou ainda está à espera de ser reaceso, porque é tão difícil aceitar a ideia de que seremos apenas amigos de alguém que nos imaginamos a passar a vida com.

Eu sou incapaz de levar um relacionamento a sério se eu não achar aquela pessoa indicada para casar. Creio que assim é que deve ser, pois leva-nos a uma escolha muito mais seletiva e cuidada ao mesmo tempo que a  nossa dedicação é muito mais aprumada. 


Acho sinceramente, que nunca antes a minha vida amorosa estava tão confusa. Sinceramente eu sei que o melhor para mim agora era estar sozinha, mas eu já me embrenhei em tanta coisa que saltar fora só irá fazer mais danos. Já magoei quem magoei antes e vou voltar a magoar porque quando penso, sou egoísta. E não o deveria ser. Quero-os a todos para mim mas sou só uma e só posso estar com um de cada vez. Mas eu vejo romance em cada canto e tudo dava uma história de amor. 

E no final, não sobram amigos..., sobram restolhos de relações falhadas e poemas borrados com lágrimas.

(escrito em Lisboa)

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