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A Morgadinha dos Canaviais

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O meu livro de cabeceira tem sido  A Morgadinha dos Canaviais , por Júlio Dinis. Tem sido agradável passear pelo Minho em dezembro, refresca um pouco a alma com tanto calor que se passa aqui neste julho transmontano. Gosto da maneira de escrever de Júlio, que conversa com o leitor e teletransporta-nos de uma cena para a outra quando entende que é preciso. Morreu tão jovem, quantas mais obras de arte não nos poderia ter deixado?  A Morgadinha e o Sr. Henrique de Souselas no Mosteiro, acompanhados pelas crianças Ilustração realizada por Alfredo Roque Gameiro, disponível em  http://tribop.pt/TPd/01/70/A%20Morgadinha%20dos%20Cannaviaes Não vou fazer grandes reflexões sobre o fim do livro porque ainda nem a meio vou, mas estou tão deliciada que nem me apetece acabar. Já vou adivinhando aqui e ali certos sentimentos a nascer, mas só posso esperar pelo desenlace da cena. Deixo aqui é uma nota, referente às conjeturas que são feitas sobre a política: é verdade, tudo o que diz Júlio Dinis. Pelo

Bolsonaro 2

Ao longo deste último ano tenho analisado a participação do Sr. Presidente da República do Brasil e desiludida talvez seja um termo brando. Posso tentar justificar a minha acérrima defesa à sua candidatura com a vontade de romper contra o establishment e realmente fazer política de uma maneira diferente no Brasil. Infelizmente esse desejo, não só a mim mas a muitos brasileiros, de alguma maneira parece que toldou o entendimento -, e de alguma maneira nos fez pensar que uma pessoa ignorante e boçal poderia ter algo de virtuoso para mudar o país. A atitude fanfarrona parecia uma coragem e vontade de mudar as coisas, um espírito rebelde ansiando fazer uma transformação -- revelou-se apenas um indivíduo bruto e disposto a fazer qualquer coisa para se apoderar do poder. Bolsonaro é um camaleão político e eu não vi (ou não quis ver). No Haddad nem pensar, mas poderíamos ter escolhido outro candidato.

La hija de la española ou Cai a Noite em Caracas

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Como eu costumo sempre dizer é impossível, por mais que tentemos, dissociarmo-nos do nosso eu para criarmos o que seja. Todas as nossas obras serão sempre um reflexo daquilo que somos. É humanamente dificílimo tomarmos a posição do observador ideal e sermos apartidários. Somos partidários, ainda que inconscientemente. Posto isto, venho dizer que Karina se fez um esforço, não se nota, para dissociar o seu eu de Adelaida, não sabemos qual parte é a sua biografia, qual parte é a sua imaginação, mas sabemos que ambas são venezuelanas, diferem de idade por um ano e ambas trabalham com o jornalismo. A morte da mãe não sabemos e o roubo de identidade não me parece ser realidade. Uma leitura agradável e crua da realidade venezuelana.

Branqueamento do fascismo em antena aberta ou simples exercício do livre arbítrio?

Na passada semana o nosso querido Goucha convidou para o seu ilustríssimo programa "Você na TV" um indivíduo chamado Mário Machado, a quem descreve como "autor de declarações polémicas". A internet incendiou-se e não faltaram críticas à TVI e ao Goucha por terem tido a infeliz ideia de convidar este indivíduo para falar. Tenho lido várias opiniões na internet e senti-me impulsionada a deixar também a minha própria reflexão sobre o assunto. Alguns incendiaram-se de revolta  e ficaram chateados. Outros desvalorizaram a presença do Mário na TVI e criticaram as aqueles que criticaram tão aferradamente um programa da manhã quando lhes falta essa prontidão para criticarem falhas e outros problemas muito mais expressivos em Portugal e no mundo. Chamam-nos de   "caça-fascistas"  por gritarem "fascismo" aos quatro ventos. Estas notícias a meu ver não são de maneira alguma isentas, acho que ambos os jornais têm, (cada um que interprete como entender) uma

O Natal de Poirot

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Um delicioso mistério de Agatha Christie. Um cenário comum: uma viagem de comboio onde dois estranhos se cruzam e ao fim tem o mesmo destino.. Gorston Hall. A velha moradia de Mr. Simeon Lee, um velho desagradável e ruim com uma apreciação pela intriga. Agatha Christie como utiliza muitos personagens não lhes desenvolve o carácter muito profundamente, apenas o suficiente para nos dar pistas sobre a personalidade de cada um. Eu pessoalmente simpatizei com as esposas, excepto a de George, pois achei-a demasiado fútil. Pilar não me agradou de todo, pareceu-me jovem que embora fosse lindíssima, não tinha modos nem classe. Os filhos, uns moles como caracterizava-os o pai. Um livro para ser lido à lareira (ou em aquecimento central de acordo com a preferência) numa tarde de inverno para que sintamos o calafrio da história mórbida que se nos está a ser narrada. Surpreendente e embora suspeitemos daqui e dali, o final, é como sempre e como se quer — inesperado. 

A vida que eu esolhi

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Agora finalmente eu tenho Tempo. Aprendi o que era o Tempo. Descobri o que era o Tempo. Um inimigo voraz que nos torna cada vez menos novos, Um ladrão de sonhos que amargamente nos diz todos os dias que não poderemos ler os livros todos do mundo nem visitar todos os lugares mágicos que sonhamos e esperamos conhecer... O Tempo é um padrasto ruim que nos rouba a velha infância que nos deu a Vida, nossa mãe. Então porque é que a Vida se juntou ao Tempo se ele devagarinho nos mata? Eu tenho a resposta a esta pergunta mas respondê-la-ei talvez noutra ocasião. O que eu quero dizer agora é que me entendi com o meu padrasto Tempo. Roubava-me o lugar na cama preguiçosa, e nunca tinha oportunidade para fazer as lidas da casa e muito menos estar com aqueles de quem gosto... e o Tempo vinha e ria-se de mim, porque vinha para casa, sozinha, cá ficava até à hora de deitar, e uma vida sem sentido assim vivida, há quanto e há tanto tempo... O Tempo nunca foi meu amigo. Até agora. Porque a

Vinte e três.

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Há alguns anos atrás publiquei aqui neste blogue alguns pensamentos e nostálgica retorno de vez em quando para saborear um tempo que vivi. E isto tudo passado, o meu tempo em Lisboa e a aventura por Vila Real vim acabar ou pelo menos agora me encontro em Freixo de Espada à Cinta. Deixo aqui algumas fotografias daquilo que tem estado a ser a minha jornada campestre, na procura de tudo.