Espera por mim, que eu voltarei,
Mas espera com toda a tua força,
Espera quando a tristeza te invadir
Com as chuvas amarelas,
Espera quando os flocos de neve cobrirem o solo,
Espera durante o calor,
Espera quando os outros tiverem desistido,
Espera com o passado esquecido.
Espera quando, de longe, Te não chegarem cartas,
Espera quando todos os que esperaram contigo se tiveram cansado de esperar.

Espera por mim, que eu voltarei,
Não acedas
Àqueles que dizem que deverias esquecer-me,
Insistindo nesse argumento,
Ainda que meu filho e a minha mãe
Julguem que eu desapareci,
Ainda que meus amigos se cansem de esperar,
Se instalem à lateira e bebam
Um copo de amargura,
Para que a minha alma descanse em paz. [...]
Espera. Não te apresses a juntar-te a eles
Nesse brinde que me fazem.

Espera por mim, que eu voltarei,
Mais que não seja para contrariar todas as mortes.
Bem podem aqueles que não esperaram
Dizer: «Ele teve sorte.»
Eles terão dificuldades em compreender,
Esses que não esperaram,
Que, tendo esperado por mim
Ao calor da lareira,
Foste tu que me salvaste.
Só eu e tu sabemos
Como foi que eu sobrevivi -
É que tu sabes esperar
Como mais ninguém sabe.

Simonov

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