a loja do chinês ao pé de minha casa

e isto, quando eu tinha uns 12, 13 anos. a família, dona da loja do chinês, tinha vindo há pouco da china. a mãe, o pai, o menino, a menina, e o rapaz, que devia ter a minha idade. sempre que ia lá, tinha os olhos do rapaz cravados em mim. mas eu também olhava para ele. olhava para ele e imaginava-o fora dali, daquele contexto pitoresco. imaginava-o com outras pessoas, com outras roupas, em outros lugares. imaginava-me a mim também longe dali. a serra prendia-nos. não escolhemos estar presos, mas foram as circunstâncias que a vida nos impôs. e no final, ele mudou-se. ele não, a loja. a loja do chinês da serra. e não muito depois, eu mudei também. hoje, vi-o. e lembrei-me. lembrei-me que o imaginava em outro lugar, com outras roupas, com outras pessoas. e imaginava-me a mim também. hoje, estou noutro lugar, com outras roupas, com outras pessoas. mas ele está igual, sem tirar, nem por.

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